Essa noite tive um sonho. Para muitos pode parecer mórbido, mas para mim, trouxe muitas revelações. Vou trazer um poema que fiz sobre a interpretação desse “sonho” (entre aspas pois foi uma visão assombrosa sobre o porvir). 🐦⬛ 🐦⬛
Invocação: A Visão da Alma que Enxerga no Silêncio
No limiar da vigília e do sono, eu caminho por uma praia fria, onde o mar não toca meus pés, e o inverno cala as ondas da emoção.
Sou filha do tempo que vê além do tempo, e hoje, os véus me foram retirados.
Na terra onde cresci, reencontro minha linhagem: minha mãe, meus irmãos, minhas sobrinhas — rostos que guardam segredos, passos que caminham comigo pelas memórias.
Mas então, surge a sombra.
A estrada se curva para dentro da mata, onde corvos e urubus giram no céu como sentinelas. E aquilo que todos olham, mas ninguém vê, revela-se apenas a mim.
Um corpo de bebê — esticado, sem sangue, sem cheiro. Como se a dor ali fosse muda, como se a morte já fosse rotina.
Corpos pequenos em caixas, em formas de bolo, moldados pelo horror. O açougueiro da alma repete o ritual: leva o que já foi devorado, e traz outro corpo, como se fosse apenas mais um gesto do dia.
Mas eu vejo.
Eu sinto.
Mesmo sem o sangue, mesmo sem o odor, minha alma se choca e se comove.
Pois reconheço ali meus sonhos abortados, minhas inocências sacrificadas, as dores que o mundo esconde sob formas bonitas.
E diante disso, eu não grito. Eu invoco.
Oh Mãe da Terra, recebe de volta essas imagens. Transforma o que é morto em semente. Transmuta o horror em sabedoria. Liberta o que está preso em formas frias.
Corvos do Infinito, levem para o céu o que não me pertence mais. E tragam de volta a visão limpa, o olhar compassivo, a capacidade de enxergar sem adoecer.
Pois eu sou aquela que vê.
E hoje, eu escolho devolver. Não ao esquecimento, mas à Terra, ao Espírito, à Alquimia.
Que a dor se faça cura. Que a sombra se torne caminho. E que minha visão, agora ungida, sirva à luz.
Ciganos de Capela
Essa noite tive um sonho. Para muitos pode parecer mórbido, mas para mim, trouxe muitas revelações.
Vou trazer um poema que fiz sobre a interpretação desse “sonho” (entre aspas pois foi uma visão assombrosa sobre o porvir).
🐦⬛
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Invocação: A Visão da Alma que Enxerga no Silêncio
No limiar da vigília e do sono,
eu caminho por uma praia fria,
onde o mar não toca meus pés,
e o inverno cala as ondas da emoção.
Sou filha do tempo que vê além do tempo,
e hoje, os véus me foram retirados.
Na terra onde cresci, reencontro minha linhagem:
minha mãe, meus irmãos, minhas sobrinhas —
rostos que guardam segredos,
passos que caminham comigo pelas memórias.
Mas então, surge a sombra.
A estrada se curva para dentro da mata,
onde corvos e urubus giram no céu como sentinelas.
E aquilo que todos olham, mas ninguém vê,
revela-se apenas a mim.
Um corpo de bebê — esticado, sem sangue, sem cheiro.
Como se a dor ali fosse muda,
como se a morte já fosse rotina.
Corpos pequenos em caixas,
em formas de bolo, moldados pelo horror.
O açougueiro da alma repete o ritual:
leva o que já foi devorado, e traz outro corpo,
como se fosse apenas mais um gesto do dia.
Mas eu vejo.
Eu sinto.
Mesmo sem o sangue, mesmo sem o odor,
minha alma se choca e se comove.
Pois reconheço ali meus sonhos abortados,
minhas inocências sacrificadas,
as dores que o mundo esconde sob formas bonitas.
E diante disso, eu não grito.
Eu invoco.
Oh Mãe da Terra, recebe de volta essas imagens.
Transforma o que é morto em semente.
Transmuta o horror em sabedoria.
Liberta o que está preso em formas frias.
Corvos do Infinito, levem para o céu o que não me pertence mais.
E tragam de volta a visão limpa, o olhar compassivo,
a capacidade de enxergar sem adoecer.
Pois eu sou aquela que vê.
E hoje, eu escolho devolver.
Não ao esquecimento,
mas à Terra, ao Espírito, à Alquimia.
Que a dor se faça cura.
Que a sombra se torne caminho.
E que minha visão, agora ungida, sirva à luz.
Anne, Cigana das Estrelas
6 months ago | [YT] | 524